A extensão territorial e a aceleração do crescimento populacional é um processo natural que acontece no Brasil. Neste processo, as pessoas de baixo poder aquisitivo são marginalizadas para áreas irregulares em busca de um local para a sua moradia, onde não existem infraestrutura de saneamento básico para despejar os resíduos do esgoto. Para contornar o problema, essas pessoas buscam morar em locais próximos a mananciais.
Segundo o Instituto Socioambiental (ISA) [1] em 1974 verificou-se que ocupações em áreas de mananciais eram bastante expressivas ao longo dos braços da represa Guarapiranga. A ocupação aumentou o nível da poluição da represa até o seu ponto crítico e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) teve que intervir removendo manchas anaeróbicas presentes na represa. Estas manchas ocorriam devido à falta de coleta e tratamento de esgoto e de seu afluente, que comprometeu a qualidade da Represa Billings.
Este descarte irregular do esgoto nos mananciais afeta diretamente a qualidade dos afluentes, tornando importante determinar a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) para saber o grau de poluição e estimar os possíveis impactos ambientais, pois a poluição por estes resíduos compromete a diversidade da fauna e da flora local.
Outro ponto crítico é o assoreamento que acontece devido às enchentes pluviais, isso ocorre por consequência da falta de planejamento e/ou readequações nos sistemas de captação das chuvas. Essas precipitações transportam os detritos para os lagos, rios, etc. Este cenário se agrava com as alterações climáticas do “novo normal”, que são as chuvas que se concentram em poucos dias e geram grandes tempestades, tendo um volume de precipitação gigantesco que não é comparável a nenhum ano anterior. Vale ressaltar que um fator que influencia nesta alteração climática são os impactos ambientais.
Neto [2] diz que a urbanização afeta negativamente tanto os animais como os humanos, pois o convívio entre eles está aumentando cada vez mais. Esta interação entre humanos e animais pode prejudicar por exemplo a natalidade de algumas espécies, como as tartarugas marinhas, que ao nascer, buscam o mar por ser mais claro que a cor da areia, mas a urbanização próxima ao local de desova pode prejudica-las caso haja a iluminação das rodovias, edificações, vias públicas, entre outras coisas, que podem desnortear os filhotes. Esse convívio pode ser perigoso e afetar negativamente também os humanos, aumentando a população de roedores nas cidades, que ocorre por diversos fatores, mas o mais importante é que o seu predador (cobra) migra de local, tendo assim um aumento populacional de ratos na cidade, que proliferam doenças, como a leptospirose.
Para minimizar os impactos ambientais é importante que exista políticas públicas para controlar o crescimento ordenado e coordenado da cidade, através do planejamento para desenvolver o plano diretor da cidade e divulgar instruções e orientação à sociedade.
De acordo com Waldman [3] é difícil formar um cidadão consciente afim de minimizar os impactos ambientais e conservar a natureza, pois é necessário um trabalho em conjunto com a participação da sociedade em sua totalidade e intervenções de um Estado atuante, conforme a sua obra Natureza e Sociedade como Espaço de Cidadania.
Autor: Departamento de Engenharia Civil
Referências bibliográficas
[1] Instituto Socioambiental. Mananciais : diagnóstico e políticas habitacionais / [organização Paula Freire Santoro, Luciana Nicolau Ferrara, Marussia Whately]. — São Paulo : Instituto Socioambiental, 2009. [2] Neto, Ricardo Bonalume. Com urbanização, bichos silvestres invadem e se adaptam às cidades. Publicado em 20/02/2016 às 02h00 Por Ricardo Bonalume Neto – Folha de S.Paulo. Acessado em 18/08/2021. https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2016/02/1741366-com-urbanizacao-bichos-silvestres-invadem-e-se-adaptam-as-cidades.shtml [3] Waldman, Maurício. Natureza e sociedade como espaço de cidadania. Publicado Por Maurício Waldman – PORTAL Professor Maurício Waldman. Acessado em 18 de agosto de 2021. http://m w.pro.br/mw_mw/index.php/livros-e-coletaneas/25-natureza-e-sociedade-como-espaco-de-cidadania